Poesia, Chama-me: dois poemas de Geise Mascarenhas
- Dee Mercês
- 26 de fev.
- 3 min de leitura
Atualizado: 21 de mar.
Em "Poesia, Chama-me", Geise Mascarenhas, poeta baiana, apresenta poemas que abordam temas como desigualdade social, a força da arte e a luta por um mundo mais justo.

Geise Mascarenhas, natural de Castro Alves, Bahia, é uma poeta e declamadora de 26 anos que encontra inspiração em suas raízes nordestinas. Desde os 13 anos na literatura, a atual farmacêutica clínica (cultivando o equilíbrio entre ciência e arte) reflete em seus versos a realidade contemporânea e a vivência no interior da Bahia e no meio urbano. Sua carreira tomou impulso ainda adolescente, com o CD "Travessias Poéticas", que uniu sua paixão por declamações a um grupo de recital chamado "Papo de Poeta", criado na época do colegial. Agora, ela se prepara para lançar seu primeiro livro de poesias, onde seu talento e determinação prometem transformar sonhos em versos.
Poesia, Chama-me: dois poemas de Geise:
BORRALHO DE UM POVO
O fogo que incendeia a superfície de fibras recicladas, é o mesmo que norteia a multidão em disparada.
As palavras são falácias, as bocas, antipáticas. A mesma mão que escreve é a mesma que mata.
Uma vez ouvi dizer que “o fogo é a prova do ouro”, sendo assim, desejado. E mesmo a miséria sendo prova do homem forte, o mesmo, jamais será a prova de fogo e nem todos serão honrados.
Os homens queimam uns aos outros como essa folha de jornal, prestes a virar borralha.
O abrasamento corrói e expira seus antepassados, enchendo as panças de ódio e vazio.
E tudo é ensinado, aprendido e, por séculos, praticado.
— Haverá alguém que possa nortear essa nação, que queira provar mais que ouro e adoração?
Pergunto eu ao indignar-me com mortais que poderiam ser imortais se não fossem tão desumanos...
Haverá esperança em meio a tudo provado? Digo porque muita gente apenas sobrevive.
E enquanto escrevemos jornais que podem ser queimados, pessoas também ocasionam em brasa.
Enquanto os poderes discutem quem terá um caixão digno e terá o baú do tesouro enterrado junto aos corpos, pessoas ocasionam em brasa.
Enquanto eu escrevo essa poesia e passo a declamá-la, eu posso ter voz e, não me dirijo mais como insulto, mas como alguém que pode mudar a realidade. No entanto, se todos fizessem o mesmo.
Não destrua a si próprio!
Ao invés disso, gere mais que rescaldo da folha do dia. Revolucione!
Afinal, democracia não se faz sozinha, e sim através de um povo, por um povo.
ARTE, VOZ DA VERDADE
A arte é a voz que não se cala,
Que em versos e cores revela a realidade,
Denuncia injustiças, reivindica liberdade,
É a força que transforma e embala.
Na tela, no palco, nas ruas,
A arte ecoa a verdade que muitos preferem ocultar,
Mostra o mundo como ele é, sem disfarçar,
E dá voz aos que não têm escolha.
É a linguagem dos que não se rendem,
Que resistem, que persistem,
que lutam por um mundo mais justo e igualitário,
Onde a beleza da arte seja a voz mais potente.
Que a palavra se faça em versos de luta,
E a pintura denuncie as agruras da vida,
Que a dança celebre a diversidade e a unidade
E que a arte seja sempre a voz da verdade.
Poesia, Chama-me é uma coluna que ecoa a voz pulsante da poesia baiana contemporânea. Mergulhe em versos que transcendem o óbvio e revelam a alma do nosso tempo, com curadoria do poeta machado X de Jesus e edição do poeta Dee Mercês.